Mudança como instinto de sobrevivência
“Os movimentos concretos na direção das transformações podem estar relacionados com o propósito de dar fim a algum tipo de sofrimento ou dor, e essa talvez seja uma motivação bem convincente para quase todas as pessoas. Se ficar claro para alguém que abandonar determinado comportamento redundará no alívio de um desconforto, é possível que ela se empenhe com afinco nessa direção. Fugir da dor é parte dos nossos impulsos mais primitivos; compõe os mecanismos ligados à sobrevivência”
(Flávio Gikovate, 2014)
Mudança na busca de recompensas
Seja por um corpo mais bonito e atraente para o mercado dos afetos, por uma educação que o destaque no mercado de trabalho ou por dinheiro que vai ser convertido em prazeres e conforto, as vezes é muito mais importante questionar se a recompensa vale a pena, do que simplesmente tentar descobrir por que você abandona o projeto no meio do caminho, a pergunta é:
– “Esse sacrifício realmente vale a pena?”
Insatisfação
Desde o leve desconforto até a completa revolta, a mudança nasce da necessidade de lidar com algum nível de sofrimento, quantos dos seus amigos ou até você mesmo não mudam determinados comportamentos, pelo simples fato de que não é incômodo o suficiente? Será que tem algum familiar nos bastidores minimizando o impacto negativo dessa falta de atitude? Será que é de fato algo urgente?
Ajuda profissional é importante
No mundo atual onde tudo parece ser tão fácil, conseguir dar um salto na carreira, lidar com uma depressão ou conseguir perder peso, são necessidades comuns entre boa parte das pessoas. Por outro lado, procurar estudar com o auxílio de um professor, fazer psicoterapia com um psicólogo, um acompanhamento/tratamento com nutricionista ou educador físico, quando há recursos pra isso é uma excelente alternativa, você nunca terá o conhecimento técnico de alguém que dedicou a vida toda a uma área que para você é apenas uma parcela pequena de sua vida.
Lembre-se, tempo de vida é um ativo escasso e muito importante, saber buscar ajuda profissional na hora certa pode te trazer qualidade de vida com “ANOS” de antecedência.
O papel da impulsividade na autossabotagem
Biologicamente para nosso o cérebro ainda estamos em uma sociedade tribal na savana africana, logo lutar pela sobrevivência sempre será a prioridade, por conta disso é natural que tenhamos dificuldade em adiar o prazer imediato, sejamos sinceros, se você estivesse no lugar desse ser humano ancestral imerso em tantos perigos e vulnerabilidades, você se preocuparia em não morrer de fome nos próximos dois dias, comendo em excesso se for necessário ou faria planos para ter o corpo perfeito no final de ano?
Um outro exemplo é que poupar energia sempre que for possível, para estar preparado para fugir de um predador ou sobreviver a um longo período de privação alimentar, parecerá uma ótima ideia.
Por essas e outras que é tão difícil enfrentar a gula e a preguiça, evolutivamente são comportamentos desejáveis, mas na nossa sociedade atual isso se torna um risco. Vale ressaltar também um fator emocional importante, saber lidar com frustrações, ter algum nível de inteligência emocional, é fundamental para não ceder a estes impulsos e por consequência culpar-se no futuro por algum eventual fracasso.
O medo do fracasso
Pessoas perfeccionistas temem a reprovação social, na vaidade de tentar preservar uma “suposta reputação” que tem a zelar, entretanto mesmo que esse não seja seu perfil, o medo de lidar com o sofrimento consequente da frustração, ao perceber que fracassou em algum projeto pessoal, muitas vezes é mais que o suficiente para apequenar a vida do indivíduo, evitando ser mais ambicioso e audacioso, deixando de constituir uma vida mais estimulante e prazerosa, se entregando ao tédio e ao ressentimento.
Aprenda a valorizar suas conquistas e que as circunstâncias importam
A afirmação que todos nós temos 24 horas é uma grande mentira, nascemos e vivemos com circunstâncias muito diferentes diante dos demais, naturalmente isso aumenta ou diminui o nível de dificuldade em alcançar determinados desafios, logo até as conquistas que parecem menores diante dos demais, sendo avaliadas de forma mais honesta, deveriam ser mais valorizadas. Veja alguns exemplos de variáveis importantes para administração da maior parte dos objetivos que a vida nos oferece:
– Saúde.
– Condição Financeira.
– Ter ou não dependentes, sejam eles; filhos, pais ou outros familiares.
– Escolaridade.
– Qualidade da alimentação.
– Presença ou ausência de um sono de qualidade.
– Condição geográfica, ou seja, quanto tempo você perde e se desgasta, locomovendo-se para o trabalho, escola, faculdade etc. Se depende de transporte público ou não.
Cuidado com o vitimismo
Não me entenda mal, todo mundo terá seus momentos de sofrimento com as mais genuínas motivações, sendo até parte do processo terapêutico vivenciar essa etapa, por outro lado, após determinado período se faz necessário levantar a poeira e buscar solucionar os problemas cotidianos. Terceirizar a responsabilidade sobre a própria vida ao seu passado, relações familiares disfuncionais, falta de recursos financeiros etc., definitivamente te aproxima muito mais do isolamento que é um fator de risco para a depressão, do que de fato a resolução de um problema ou uma conquista pessoal.
Sugestão de leitura:
“Mudar : Caminhos para a transformação verdadeira” – Flávio Gikovate.
Leia também: Diferenciais da Terapia – Cognitivo Comportamental , Como Manejar a Ansiedade.