A compulsão por compras é um comportamento que afeta muitas pessoas, muitas vezes sem que elas percebam o alcance real do problema até que se torne algo difícil de controlar. Este impulso constante de adquirir novos itens pode surgir de uma variedade de fatores emocionais e psicológicos, muitas vezes ligados a uma busca por satisfação imediata ou um meio de lidar com sentimentos negativos.
A compra compulsiva é definida como algo feito sem planejamento prévio, de maneira totalmente primitiva e irracional, com o objetivo de atender uma vontade imediata, porém como é um impulso, se você souber administrar, tende a não se sustentar por muito tempo.
Mas por que compramos tanto? A resposta é tanto individual quanto social.
Existem diversos transtornos mentais que possuem como característica a compra compulsiva, ou seja, ela não é a raiz do problema e sim a manifestação de um sintoma de um transtorno anterior.
Noção de pertencimento
Nossa sociedade nos vende a ideia de que você é o que você consome, ou seja, quanto melhor você se veste, quanto melhor e mais caro os lugares que você frequenta e faz compras, maior é a percepção de valor, entretanto isso é uma armadilha que destrói seu orçamento, saúde mental e perspectiva de futuro, uma vez que é inviável manter o personagem o tempo todo por inúmeros motivos. Um outro detalhe importante é que quanto mais pobre o país, mais evidente se torna a necessidade de buscar se destacar socialmente através do consumo, países menos desiguais costumam sofrer menos com esse apelo, denotando menor interesse do ponto de vista social quanto a roupa que você usa ou o carro que dirige.
É uma maneira disfuncional de lidar com problemas emocionais
A busca por prazer imediato constante, seja através de compras, comida ou drogas, é uma estratégia previsível para fugir de estados emocionais desconfortáveis como a irritabilidade, estresse, culpa, também utilizada para esquivar-se de responsabilidades maiores ou se promover através de sua vaidade, buscando melhorar sua autoestima.
A urgência artificial
Promoções permeadas de falas de desespero como:
“50% de desconto, Apenas Hoje!”
“Enquanto durarem os estoques.”
“ Últimas unidades.”
Biologicamente lidamos muito mal com a noção de perda, o simples fato de achar que posso estar perdendo algo e consequentemente me culpar depois, é o suficiente para atrair consumidores ansiosos.
Os riscos envolvidos são enormes, mas vale destacar os mais comuns:
– Ruína financeira, comprometendo seu orçamento por longos anos através de dívidas, trazendo prejuízos para a sua qualidade de vida.
– Conflitos e perda de confiança no parceiro, contribuindo para o término de relacionamentos.
– Altos níveis de ansiedade, tornando necessário criar estratégias para esconder suas ações de outras pessoas de seu convívio, seja em casa ou no trabalho. Medo excessivo de entrar em contato com sua fatura ou conta bancária e ter que responsabilizar-se pelo estrago, muitas vezes fazendo ume esforço excessivo para transparecer que está tudo bem, sendo que na verdade está com medo e envergonhado.
E o que devo fazer ao me reconhecer neste quadro?
Existem inúmeras técnicas para lidar com isso de forma isolada, porém sua eficácia é significativamente reduzida quando não se isolam outras variáveis importantes do comportamento, levando em consideração condições ambientais, de personalidade e até biológicas, por isso se torna essencial a avaliação psicológica com um profissional qualificado.
Mas calma, não vou te deixar na mão, fica aqui uma dica importante, se você identifica-se com esse quadro, evite ao máximo realizar compras devido a um desejo que se manifestou de forma intensa a poucas horas ou até minutos, pois muitas vezes você está sobre efeito de um ambiente que foi criado para criar essa urgência e desejo, deixe para pensar novamente sobre essa compra 2 dias depois por exemplo, em um ambiente neutro, longe de qualquer apelo da loja ou aplicativo, provavelmente o nível de necessidade que você sentirá por aquele item diminuirá em boa parte dos casos.
Sugestão de leitura:
“Vida para consumo: A transformação das pessoas em mercadoria” – Zygmunt Bauman
“Mentes consumistas: Do consumismo à compulsão por compras” – Ana Beatriz Barbosa Silva
Leia Também: Como Manejar a Ansiedade , Diferenciais da Terapia Cognitivo – Comportamental.